O volume da oferta de crédito imobiliário da Caixa Econômica Federal poderá dobrar por meio de securitização, segundo o presidente do banco, Pedro Guimarães.
“Faremos pelo menos R$ 100 bilhões de oferta de securitização”, disse o presidente da Caixa, em evento sobre os 100 dias de governo, realizado nesta terça-feira pela Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) pela manhã.
Segundo Guimarães, a Caixa vai crescer mais do que nunca em crédito imobiliário. “Não temos mais restrições de capital e funding”, disse. O presidente da Caixa citou que os fundos imobiliários tiveram valorização de 60% desde a eleição de Jair Bolsonaro para presidente da República.
“Desde que a reforma da Previdência seja aprovada, há interesse de investidores internacionais em financiar imóveis devolvidos, fundos imobiliários, certificados de recebíveis imobiliários e letras imobiliárias”, afirmou.
Guimarães disse que a Caixa oferecerá financiamento de capital de giro às incorporadoras “no limite do cálculo matemático”. “Não vamos deixar as empresas apenas com recursos do Orçamento Geral da União (OGU) e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS)”, disse. De acordo com o executivo, ainda há questões relacionadas ao programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, mas se trata de “pequenos ajustes”.
Financiamento é o gargalo
Presente ao evento, o presidente da Tenda, Rodrigo Osmo, afirmou que o grande gargalo para a habitação de baixa renda são recursos de financiamento. Sem limitações de financiamento, o segmento poderia crescer bem mais, de acordo com Osmo.
“A demanda do segmento econômico está muito mais ancorada em demografia do que em crescimento econômico. A decisão de compra de uma família no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida não depende do desenvolvimento econômico”, disse Osmo.
O executivo compara que uma família que paga R$ 900 de aluguel pode desembolsar R$ 600 na prestação por uma unidade. “A equação funciona com crise ou sem crise”, disse o presidente da Tenda.
Segundo o executivo, os investidores têm receio de apostar em incorporadoras com foco em baixa renda devido às questões regulatórias. “O setor de habitação popular depende totalmente de um programa de governo”, disse Osmo.
O executivo citou que o próprio orçamento do FGTS prevê que a liquidez do fundo acabará em quatro anos e que existem projetos de lei para mudar a remuneração do FGTS. “O FGTS deixou de ser mal remunerado, mas ainda tem o estigma de ser. Nos últimos três anos, a remuneração do fundo foi semelhante à da poupança”, afirmou Osmo.
Fonte: Valor Econômico