A técnica de enfermagem Ellen Caroline Lopes (à direita) e o marido Bruno Lopes querem um lugar para poder decorar livremente o quarto da filha – Foto: Rafaela Gonçalves
Apesar da queda na confiança do consumidor, analistas preveem um bom momento para o setor imobiliário. A motivação se deve à estabilidade da inflação. Com o anúncio do Banco Central (BC) de que a taxa Selic está prevista para se manter no patamar de 6,5% até o fim do ano, o comprador pode, finalmente, investir no sonho da casa própria com mais segurança.
Para o consultor financeiro Jônatas Bueno, o investimento deve ser planejado. “Apesar de numericamente as médias históricas revelarem a menor taxa de juros, é uma decisão muito importante que deve levar em conta o compasso de espera do mercado brasileiro.” Ele explica que a cautela é importante por se tratar de uma dívida de longo prazo: “Não é recomendado financiar só pensando nas taxas baixas, pois é uma dívida com potencial de aumento.”
Por isso, Bueno aconselha quem está decidido a comprar a juntar o maior valor possível antes de pensar em um financiamento. “O ideal é acumular capital para conseguir dar uma entrada maior e optar pela maior parcela possível, jamais pensar em pagar o mínimo”, afirma.
O servidor público Anderson Valença, de 31 anos, conta que simulou um financiamento há dois anos, mas preferiu esperar. “Na época, eu analisei várias possibilidades, mas o mínimo valor da parcela que eu consegui ainda era alto. Então eu preferi tentar juntar alguma coisa para poder dar uma entrada maior.”
Condições
É necessário ter em mente as condições de financiamento oferecidas pelos bancos. É possível financiar até 85% do valor do imóvel. O conselho dos especialistas é comprometer no máximo 30% da renda com as prestações. Quanto às taxas de juros, variam entre 8,1% e 8,9% ao ano + TR (taxa referencial). Alguns programas oferecem a opção de financiamento de até 100%, por isso é preciso ficar atento à taxa de juros.
De acordo com Paulo Muniz, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (ADEMI), o financiamento imobiliário é o mais barato do mercado de juros, na faixa de 8% ao ano. Para ele, este é o momento certo para quem sonha em ter a casa própria. “Temos atualmente o melhor índice de velocidade de vendas (IVV) nos meses de janeiro e fevereiro, reflexo da queda de oferta.”
Dados mais recentes do índice de imóveis novos no Distrito Federal indicam que o IVV de unidades residenciais chegou a 8,7% em fevereiro, depois de um bom desempenho em janeiro (7,3%). O IVV para imóveis residenciais novos apresentou o maior percentual de uma série histórica da pesquisa.
Ele avalia o momento favorável tanto para a compra, quanto para a venda. “Há um deficit que leva muitas pessoas a se sujeitarem a morar em construções ilegais, fazendo o mercado legal atingir uma média histórica de ofertas. Brasília tem carência por habitação, então, a tendência é sempre de valorização do imóvel”, conta.
O valor ponderado do metro quadrado privativo dos imóveis residenciais no DF foi cotado a R$ 9.437. Em fevereiro, a Asa Norte registrou o maior valor de oferta: R$ 15.234 (para unidades de 3 quartos), o mais baixo foi ofertado em Santa Maria: R$ 1.908 (para unidades de 1 quarto).
A técnica de enfermagem Ellen Caroline Lopes, de 20 anos, e o marido Bruno Lopes, 33, tiveram que adiar os planos de comprar a casa própria com a surpresa de uma gravidez, “Quando eu descobri que estava grávida, a gente tinha planos de se casar e comprar uma casa, mas, com a bebê a caminho, tivemos que apressar as coisas e acabou que ficamos morando na casa do meu pai.” conta. Hoje, a filha Júlia está com 1 ano e três meses e eles planejam realizar o desejo até o fim deste ano. “Estamos procurando uma casa de três quartos, para eu poder decorar o quarto da neném como eu sempre quis e também pretendemos ter mais filhos mais adiante. Pensando nisso, queremos um lugar para onde a gente possa se mudar já com tudo arrumadinho”, disse.
O presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da 8ª Região (CRECI/DF), Geraldo Nascimento, concorda que este é um bom momento para a compra, pois o valor do metro quadrado deve subir. “Os preços ainda estão abaixo da média e quem tem recursos guardados e quer ou precisa adquirir um imóvel, este ainda é o melhor momento. A expectativa do setor é que, no segundo semestre deste ano, o preço do metro quadrado comece a subir, o que vai elevar o valor final do imóvel. Neste momento, o comprador consegue fazer excelentes negócios, obter descontos, melhores formas de entrada e até pagamentos.”
A análise de Nascimento também é sustentada por outro dado: de acordo com os economistas, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está previsto para se manter entre 0,30% e 0,40% no mês de maio, depois de uma variação de 0,72% em abril.
Fonte: Correio Braziliense