O jornal Valor Econômico publicou na quinta-feira (8) duas reportagens sobre assuntos extremamente relevantes para o mercado imobiliário: expansão de crédito e novo formato do programa Minha Casa Minha Vida (MCMV). O presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, foi um dos entrevistados e apontou pontos críticos e oportunidades do setor.
A matéria ‘Expansão do crédito imobiliário depende de mercado de capitais’ afirma que as fontes que bancaram os projetos até aqui – poupança e FGTS – não vão se esgotar tão cedo, mas serão insuficientes para atender a demanda.
– O governo espera aumentar a participação do crédito imobiliário no Produto Interno Bruto (PIB) – no Brasil, cuja relação está em torno de 9%, muito inferior aos 68% vistos nos Estados Unidos;
– A outra questão é que a queda na taxa Selic pressiona as duas fontes principais de recursos para o setor: o Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS) e a poupança.
Para o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), José Carlos Martins, na estrutura atual, há uma transferência de renda de quem poupa para quem toma o crédito imobiliário. “É lógico que o funding secou e vai secar“, afirmou.
Uma das grandes mudanças previstas, conforme o Valor, é a liberação do uso de índices de preço, como o IPCA, para indexar contratos de financiamento imobiliário. A repórter Talita Moreira explica que, desde o ano passado, isso já é possível nas operações feitas no Sistema Financeiro Imobiliário (SFI), mas o efeito foi pequeno porque essas linhas atendem principalmente imóveis mais caros. Por isso, nas próximas semanas, o Banco Central deverá estender a permissão ao SFH, modalidade em que os bancos seguem regras mais rígidas e o comprador pode usar recursos de sua conta do FGTS para comprar residências avaliadas em até R$ 1,5 milhão. A medida precisa ser aprovada pelo Conselho Monetário Nacional.
Para Martins, da CBIC, a indexação pelo IPCA vai gerar concorrência aos bancos na oferta de crédito imobiliário ao facilitar a venda desses ativos. “Uma pequena companhia hipotecária não consegue carregar uma operação de 30 anos no balanço”, pondera.
Em ‘MCMV terá um novo formato’, a repórter Talita Moreira informa que o governo discute com o setor imobiliário o projeto de locação social, que deve substituir o Minha Casa Minha Vida para as famílias com renda enquadrada na faixa 1. Uma possibilidade é relançar o programa perto de 7 de setembro, Dia da Independência, apurou o Valor.
Segundo o jornal, a ideia é que as famílias de menor renda (em que a inadimplência é alta) recebam benefício para alugar o imóvel e possam comprá-lo com o tempo, numa espécie de leasing. Nas demais faixas, o modelo continuará sendo o de compra. O FGTS deve bancar, neste ano, R$ 9 bilhões em subsídios ao MCMV. O fundo representa 90% dos benefícios concedidos no programa. O restante vem do Orçamento da União. A medida é um pleito das construtoras para agilizar as obras, que estão paralisadas.
Para o presidente da CBIC, as discussões sobre os recursos para o MCMV mostram que, na habitação social, não existe apenas uma questão de funding, mas também de capacidade de gerar dinheiro para subsidiar as famílias.
Em outras duas publicações do mesmo dia, sobre assuntos relevantes para o setor, o jornal informa que Governo vai rever perfil de investimentos do FGTS e Poupança deve ser insuficiente.