Durante o isolamento social, imobiliárias e construtoras têm feito uso de ferramentas digitais para mostrar os imóveis aos potenciais compradores e fechar vendas. Jamille Cavalcante Dias, diretora da Riviera Construtora, afirma que, mesmo antes da pandemia do novo coronavírus, 60% dos clientes já procuravam a empresa por meio virtual.
— Temos vídeos 360º do empreendimento, do apartamento decorado, documentação online, assinatura digital… Ou seja, a necessidade de o cliente comparecer ao estande hoje é menor — diz.
Coordenador de E-business da RJZ Cyrela, Aloisio Carlos conta que houve crescimento de 40% na procura virtual por imóveis de alto padrão, e de 200% para moradias do “Minha casa, minha vida“, com 58% de conversão em vendas.
— A digitalização e o conhecimento que estamos adquirindo agora vão agilizar muito os processos no mercado imobiliário, com menos burocracia — afirma.
Christiane Dias, gerente regional da CAC Engenharia, afirma que a empresa tem investido mais em campanhas digitais, via Google e Facebook, por exemplo:
— Fornecemos todas as informações e materiais digitais, entre eles tour virtual, book eletrônico do produto, vídeo em pílulas de 15 segundos e, por fim, estamos implantando a assinatura eletrônica, deixando assim todo o processo de venda, do início ao fim, completamente digital, caso o cliente assim deseje.
— Dependendo do processo, é possível efetuar a compra do imóvel em menos de uma semana. Se o cliente estiver com toda a documentação em dia, esse prazo é ainda menor.
Além disso, Flávia Katz, gerente de Marketing da Fernandes Araújo, conta que as ferramentas virtuais fazem com que as visitações sejam mais qualificadas, ou seja, com mais chances de vendas concretizadas:
— Também fizemos recentemente a primeira assembleia de instalação de condomínio 100% online, em um lançamento na Tijuca. E já estão acontecendo convenções à distância também.
Bom para compra/venda e locação?
Para este ano, a expectativa de vendas do mercado imobiliário foi atualizada de 32% para -7%, segundo a Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança (Abecip). Mas, até abril, não houve impacto.
— Em maio, esperamos vendas menores. O setor estava saindo de um grande crise, e a expectativa era de retomada em 2020, mas a Covid-19 mudou tudo. Apesar disso, observamos que quem estava se preparando para comprar e está seguro no emprego vai adquirir o imóvel. No entanto, não haverá lançamentos, mas queima de estoques — diz a presidente da Abecip, Cristiane Portella.
Os preços continuam estáveis e até mesmo em crescimento pelo país. A queda na taxa de juros poderia facilitar a compra, mas ainda há incertezas.
— O crédito ficará mais barato, mas o dinheiro pode não chegar ao consumidor. Os bancos estão receosos. Por outro lado, quem puder dar uma grande entrada terá oportunidades. E, se pagar à vista, poderá conseguir bons descontos — afirma Pedro Seixas, professor da FGV.
No mercado de aluguel, os preços continuam subindo.
Fonte: Jornal Extra